segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Violência nas escolas

Por Tatiane Smoginski
Ed. 52 - Jornal Tribuna do Pará

Os casos de violência dentro das escolas tem se proliferado a cada dia e ganhado destaque nas manchetes dos principais veículos de comunicação do Brasil e do mundo. Em Belém não acontece diferente. Os noticiários locais estão sempre trazendo notícias que acabam confirmando as estatísticas desse fenômeno tão alarmante na sociedade atual. Dados da última pesquisa realizada com a comunidade escolar, em Belém, revelaram que o envolvimento com a formação de gangues (42,8%) e o uso de drogas (41,46%) são os principais tipos de manifestação da violência dentro das escolas.
Na última semana dois casos de violência entre jovens estudantes foi registrado pela polícia. Um grupo de 20 menores foi apreendido portando armas, quando estariam se preparando para agredir outros alunos da escola Estadual Jarbas Passarinho, localizada na Avenida 24 de setembro. Quatro jovens maiores de idade foram detidos, os menores foram encaminhados para a Divisão de Atendimento ao Adolescente (Data). Na última quarta-feira um adolescente de 15 anos foi agredido, dentro da Escola Estadual Ana Teles, em Benevides. Segundo a vítima a violência teria sido causada por uma brincadeira que ele havia feito com o agressor. O adolescente chegou a ser chicoteado nas costas pelo acusado. O caso foi registrado no livro de ocorrências da escola e também na delegacia de Benevides.
Para o Coordenador do “Observatório de Violência nas Escolas” (projeto de pesquisa criado em 2004), Prof. Dr. Reinaldo Pontes, em três anos o cenário da violência nas escolas não mudou. Ele conta que a pesquisa que foi realizada em 2006 pelo Observatório e publicada em 2007, revelou dados alarmantes das relações sociais e da violência nas escolas da capital. Ao todo 1.770 pessoas, entre educadores, colaboradores e pais, foram ouvidos em 24 escolas estaduais de nível fundamental e médio, em Belém.
                Segundo dados levantados através da pesquisa além da violência física existem ainda outras formas de violência que são muito visíveis nas escolas. A formação de gangues e o uso de drogas aparecem no topo da lista como outros tipos de manifestação de violência, logo em seguida vem o porte de arma branca (28,12%) e de arma de fogo (12,78%). Segundo Reinaldo Pontes esses tipos de violência também podem ser observados em escolas particulares de classe média, mas na realidade esses problemas são típicos das escolas públicas. “Os jovens carentes que vivem em situações mais precárias estão também mais vulneráveis a se envolver com pessoas que podem levá-los a cometer esses tipos de crimes”, ressalta o professor.
Reinaldo alerta ainda para a violência psicológica, que toma grandes proporções atualmente nas salas de aula. Segundo a pesquisa a agressão verbal (62,72%), as ameaças (35,74%) e as humilhações (27,26%) são as principais formas de violência psicológica encontradas nas escolas. Segundo o professor existe ainda uma forma de violência psicológica com sua modalidade eletrônica, que é muito encontrada em escolas particulares de classe média e, é conhecida como “cyberbulling”- forma de agressão psicológica que utiliza a internet para denegrir a imagem das pessoas principalmente através dos sites de relacionamento. “Existem muitos casos de jovens que chegam a abandonar a escola por causa de violências desse tipo. Muitas vezes a violência psicológica chega a ser tão ou mais agressiva quanto a física”, afirma  Reinaldo.
Para solucionar os problemas de violência nas escolas, Reinaldo Pontes acredita que o Governo precisa implantar programas de incentivo que possam retirar os jovens das situações de risco e de vulnerabilidade. “Não adianta fazer um trabalho somente dentro das escolas, é preciso que os jovens sejam acompanhados também do lado de fora. E também não adianta implantar projetos e programas apenas em metade das escolas, sendo que as outras estarão esquecidas. É necessário que todas sejam atendidas, ou caso contrário, o problema nuca irá se resolve”, afirma Pontes.

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